terça-feira, 13 de janeiro de 2009


VIDA SAUDÁVEL E "A MELHOR IDADE" - REORGANIZE-SE!!

PARA O MUNDO OCIDENTAL, a reforma é um entre muitos aspectos sociais que demarcam uma mudança radical na vida do sujeito, determinando, pelo menos de forma simbólica, o início da vivência da designada velhice. No entanto, é cada vez mais frequente a abordagem da reforma como um acontecimento que implica uma transição, envolvendo inúmeras mudanças. O sucesso desta transição dependerá fundamentalmente da qualidade da reorganização da vida pessoal, no sentido de uma manutenção, senão mesmo otimização, de um bem-estar físico e psicológico.

O momento da reforma é, para muitos, uma ocasião em que o indivíduo se encontra particularmente susceptível a alterações nas suas vivências psicológicas, sendo um período propício à redescoberta identitária no confronto da ausência de um emprego a tempo inteiro. Para a generalidade dos reformados, esta fase não assinala somente o fim de uma atividade profissional. De fato, esta fase poderá ser, por um lado, um período de libertação e renovação (através de um novo ritmo de vida, espaço e tempo para maior investimento pessoal e social, estabelecimento de novos objectivos de vida, privilégio das relações familiares, mudança de residência, adoção de novos ofícios, etc.). Mas pode também ser um momento de sofrimento, de ruptura ou de perda, seja de objetivos, de prestígio, de amigos, de capacidade financeira, de utilidade ou de enquadramento face à sociedade.

Apresentamos algumas sugestões que se têm revelado bem sucedidas para uma transição serena e positiva para o período de pós-reforma.

Ocupação dos tempos livres

Traçar um plano para ocupar o tempo que outrora era empregue em compromissos profissionais poderá ser um dos passos mais importantes para evitar a monotonia e a passividade. Há que aproveitar a tão desejada fase em que nós próprios somos os responsáveis pelo traçar das nossas obrigações, quando e como quisermos! A selecção das atividades a desenvolver é então uma das decisões a tomar, sendo que estas escolhas irão condicionar o ritmo de vida e, em última instância, serão um motivo para sair de casa.

Implementação de atividades de lazer

A investigação documenta que as atividades de lazer em que um indivíduo se empenha têm um efeito positivo no seu bem-estar. O lazer confere identidade e estatuto social e também estrutura o tempo disponível do indivíduo, dando lugar a importantes contatos sociais. Atividades como o voluntariado, o desporto ou a participação em atividades promovidas pela sociedade são óptimas opções para investir o tempo em prol de si mesmo e/ou dos outros. As próprias atividades domésticas - cozinhar, jardinar, fazer bricolage, (re)decorar interiores, fazer atividades manuais e cuidar dos netos podem adquirir outro significado e encanto. Também os passeios e as viagens são uma excelente opção para ocupar o tempo de forma enriquecedora, havendo hoje em dia uma vasta oferta de programas para turismo sénior.

Investimento na aprendizagem

Deveríamos cultivar a aprendizagem ao longo de toda a vida. Reconhecer que nem tudo são perdas e que há capacidades que se podem melhorar ou pelo menos manter-se durante o processo de envelhecimento, e isso torna-se relevante para que o indivíduo se sinta útil, tenha prazer no desempenho das suas atividades e procure situações em que possa ser estimulado. As chamadas "universidades da terceira idade" têm-se revelado excelentes oportunidades de convívio social, aprendizagem e treino em competências específicas (nomeadamente, na manutenção do exercício mental). Através delas, combate-se o isolamento, permitindo colaborações e entreajudas entre pessoas em situações semelhantes.

Estabelecimento de metas a atingir

É importante estabelecer objetivos que de alguma forma tragam sentido à vida quotidiana. A decisão sobre como usar o tempo para se manter ocupado é de maior importância quando da transição para a reforma. A abundância de tempo livre só ganhará algum significado se aprender a cuidar das atividades que pretende desenvolver: "O que quero fazer nos próximos anos? O que posso fazer agora que não me era possível quando trabalhava? Que projetos realizar e como levá-los a cabo? Os meus interesses são solitários ou preciso dos outros para me sentir bem? Quero uma ocupação a tempo inteiro ou uma horas por semana serão suficientes? Implicará gastos financeiros ou não?". Tem-se verificado que a satisfação com a vida e a felicidade tendem a aumentar quando estas metas são congruentes entre si, se coadunam com as motivações e necessidades próprias, quando são viáveis e realistas e quando permitem ao sujeito dar-se conta de que está fazendo progressos. A percepção de que se tem um papel mais ou menos relevante a desempenhar junto dos outros pode constituir-se como um objetivo de vida em si, ficando a agradável sensação de que se dispõe de um certo controle sobre a própria vida. Ter por que viver e para quem viver são condições necessárias ao bem-estar e, por conseguinte, à saúde mental!

Atitude de aceitação e valorização pessoal

Acreditar nas capacidades pessoais, ter auto-determinação e fazer uma avaliação positiva de si próprio é imprescindível para pôr em prática os objetivos desta nova fase da vida. Se, ao longo da vida, algumas capacidades podem ficar ligeiramente diminuídas, outras tornam-se verdadeiramente mais valiosas que podem e devem ajudar a pessoa reformada a sentir-se valorizada. Importa referir que o crescente conhecimento integrado acerca do sentido da vida apenas está ao alcance de quem tem uma longa e refletida experiência de vida - a tão conhecida sabedoria. Para além do conhecimento acumulado, é de destacar a capacidade madura de avaliação e julgamento, a tolerância e a própria estabilidade e solidez de personalidade.

Manutenção de um funcionamento ativo nas atividades diárias

A ligação entre a saúde e atividades físicas e mentais é um aspecto decisivo ao longo da vida e, em particular, durante o envelhecimento. A estimulação da atividade intelectual pode passar por criar desafios para si próprio, manter interesses culturais, não abandonar hábitos de leitura, continuar a fazer uma boa gestão financeira e investir na gestão do tempo. Quanto à actividade física, crie rituais como a elementar caminhada ou outras atividades de intensidade ligeira, como andar de bicicleta. Uma sugestão simples é a de se juntar com pessoas da sua rede familiar ou extra-familiar, para a prática de exercício físico no dia-a-dia. Com uma atitude mais ativa estará, com certeza, mais perto de um estado de saúde completo e de um bem-estar individual.

Empenho na vida

Adotar atividades produtivas que constituam um prazer em si mesmas. A abertura para o crescimento pessoal é , em qualquer idade, essencial na disponibilidade que assumimos perante o aperfeiçoamento e enriquecimento pessoal e no desafio de novas experiências. É ainda importante estimular as relações sociais, desenvolver laços significativos com o meio e desenvolver um comportamento cívico que se espera de qualquer cidadão.

Cuidado com a saúde

É indispensável adotar hábitos de vida saudáveis, nos quais têm um papel fundamental a atividade física regular, a alimentação equilibrada, a estimulação das capacidades mentais e a vivência em sociedade.

por ANA PARENTE, Psicóloga

Fonte: http://www.rituaisdevidasaudavel.com

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009


A ingestão excessiva de comida

A ingestão excessiva de comida é uma perturbação caracterizada pelo consumo exagerado de alimento que não seja seguido de uma purga.

Nesta perturbação, as refeições exageradas contribuem para uma ingestão excessiva de calorias. Ao contrário da bulimia nervosa, a ingestão excessiva de comida acontece principalmente em pessoas obesas e torna-se mais frequente à medida que o peso aumenta. As pessoas que apresentam ingestão excessiva de comida tendem a ser mais velhas do que as que sofrem de anorexia ou de bulimia nervosa e a proporção de homens é maior (quase metade).

Sintomas

As pessoas que têm esta perturbação sofrem por isso. Cerca de 50 % das pessoas obesas que têm esta perturbação estão deprimidas, face a apenas 5 % das pessoas obesas que não a apresentam. Embora esta perturbação não produza as alterações físicas que podem ocorrer na bulimia nervosa, representa um problema para uma pessoa que está a tentar perder peso.

Tratamento

Dado que a perturbação devida à ingestão excessiva de comida foi recentemente identificada, não se desenvolveu ainda um tratamento padrão. Geralmente, as pessoas são tratadas segundo os programas convencionais de perda de peso para a obesidade, os quais prestam pouca atenção ao consumo alimentar excessivo (mesmo quando 10 % a 20 % das pessoas que estão nestes programas sofrem desta perturbação). Em geral, estas pessoas aceitam esta situação porque as preocupa mais a sua obesidade do que os seus excessos alimentares.

Estão a desenvolver-se tratamentos específicos para esta perturbação, baseados no tratamento da bulimia nervosa; estes incluem psicoterapia e fármacos (antidepressivos e inibidores do apetite). Embora ambos os tratamentos sejam razoavelmente eficazes no controlo da ingestão excessiva de comida, a psicoterapia parece ser mais eficaz a longo prazo.

Fonte: Manual Merck