segunda-feira, 23 de abril de 2012

Convívio Social - algumas regrinhas básicas



Apresentação

1        Sempre se apresenta o homem à mulher. Todavia, tratando-se de um religioso, a mulher deverá ser apresentada.

2         Apresenta-se uma pessoa mais moça a uma mais idosa, e a solteira à casada.


3         A mulher deverá estender a mão, antes que o faça o homem que lhe foi apresentado. No entanto, se a pessoa apresentada se limitar a um outro cumprimento, deverá ser correspondido do mesmo modo (exemplo: ligeira inclinação de cabeça).

4         A mulher, em sociedade, nunca se levanta ao ser apresentada a outra mulher, com exceção se esta for a anfitriã ou uma senhora de idade.


5         Os anfitriões não necessitam apresentar todos os convidados entre si, no caso de uma recepção de grandes proporções. Basta apresentar alguns à chegada. E num coquetel usa-se a mesma praxe.

6         O convidado de honra, numa recepção de cerimônia, é apresentado a todos os convidados e deverá ficar ao lado da anfitriã, à entrada e de pé.


Casamentos

Os convites - impressos em cartões de formatos grandes, duplos ou simples, conforme a elegância da cerimônia o exigir - são distribuídos com trinta dias de antecedência, para que os convidados não assumam outros compromissos. Atenção: as frases como "os noivos receberão os cumprimentos na igreja" são inteiramente indelicadas. Se a recepção é só para alguns convidados após a cerimônia na igreja, estes receberão um convite especial que deve ser colocado no envelope.
A cerimônia do casamento tradicional se mantém, com poucas variações, embora com alguns modismos. Permanece, por exemplo, a presença de duas meninas, ou de um menino, ou de um menino e uma menina, que procedem a noiva na entrada da igreja.
Na sacristia, os noivos, ao receberem os cumprimentos, colocam-se entre seus pais e avós. Os convidados devem limitar suas palavras, evitando efusões por demais cansativas. Cumprimentam-se os membros da família quando não conhecidos, com uma ligeira inclinação de cabeça.
Na recepção, os noivos ou seus pais agradecem a cada convidado os presentes ou flores recebidos, Isto não dispensa o casal de manifestar os agradecimentos por escrito, logo ao chegar da viagem de núpcias. A decoração das mesas deve ser requintada, reservando-se um lugar especial para o bolo clássico. Evitar os enfeites de noivinhos, bonequinhos ou pombinhos, de gosto mais do que duvidoso.
Uma inovação: tornou-se costume elegante convidar dois, três ou mais casais de padrinhos de cada noivo. É uma forma simpática de homenagear um maior número de familiares ou amigos.

À mesa

Serviço:  pode-se começar a comer após algumas pessoas terem sido servidas, se o serviço for lento.

Guardanapo:  colocar no colo, durante a refeição, aberto totalmente ou não, conforme o tamanho. Usá-lo sempre antes de levar o copo ou o cálice à boca. No final, colocá-lo ao lado do prato, sem dobrar, mas também sem o amarrotar.

Talheres:  os que estão mais longe do prato são os primeiros a usar e, naturalmente, os últimos são os mais próximos do prato. Não se limpam os talheres com o guardanapo, antes de serem usados. Ao parar de usar os talheres, estes devem ser colocados sobre o prato (a faca na borda) e os cabos nunca apoiados na mesa. Acabando de comer, colocam-se sobre o prato, no sentido perpendicular à borda da mesa.

Garfo e faca:  no Brasil usa-se mais a regra de usar o garfo sempre na mão esquerda, à maneira européia. Usando-se a faca e o garfo ao mesmo tempo, seguram-se ambos da mesma maneira, isto é, a extremidade dos cabos na palma da mão, apoiando-se o índex pouco aquém da lâmina da faca ou dos dentes do garfo.

Colher:  deve encher-se a colher num movimento contrário à direção da borda da mesa, sempre de lado, posição esta em que deverá ser levada à boca.
A disposição dos talheres obedece à ordem seguinte:

À esquerda do prato de fora para dentro:
1. Garfo para peixe;
2. Garfo para carne;
3. Garfo para salada; se for servida;
À direita do prato de fora para dentro:
1.Garfo para "hors-dóuvre";
2.Colher para sopa;
3.Faca para peixe;
4.Faca para carne (a que fica sempre junto ao prato).

Copos:  são colocados na mesa de acordo com o tamanho do copo e não pela ordem em que vão ser utilizados, para que uns não escondam os outros. É correto arrumá-los da maneira seguinte:

1.Copo para água, à direita do prato e acima das facas;
2.Taça de champanhe, a pequena distância do primeiro;
3.Copo para vinho branco, haste longa, colocado em frente e entre os dois primeiros;
4.Copo para Porto ou Xerez, diante do terceiro um pouco à direita.

Esta ordem, no entanto, não é obrigatória, mas deve respeitar-se a harmonia entre tamanho e a precedência das bebidas.

Salada:  antes de se servir, reparar se há prato e talheres especiais para a mesma, normalmente colocados ao lado do prato de jantar.

Porções:  não é exigido que se coma tudo que se põe no prato, nem obrigatório deixar um resto de comida.

Pão:  parte-se com as mãos em pedaços pequenos, passa-se a manteiga e leva-se à boca com a mão.

Sal e pimenta:  é correto usar estes ingredientes, mesmo num jantar de cerimônia.

Espinhas, ossos, azeitonas, etc:  a mesma colher que levou o alimento à boca deverá devolver os restos ao prato, como no caso de caroços de frutas em calda. Se for usada a mão (azeitonas ou uvas, entre outras) pode a mesma retorná-los ao prato. Espinhas e ossinhos, de modo discreto, voltam na mão para o prato.

Outras regras:  todos sabem que não se deve colocar os cotovelos sobre a mesa, mas também não é bom assumir uma posição de estátua. Ao aceitar um prato, nada se diz, mas quando se o declina é de bom tom dizer: não, muito obrigado. Os copos levam-se à boca segurando-se pela base de seu arqueado e nunca pelas bordas. Não é correto elogiar a comida ou a maneira como foi preparada. Também uma conversa não deverá provocar discussões sobre assuntos políticos, religiosos ou de qualquer natureza que possam de algum modo suscetibilizar algum dos presentes e, muito menos, gesticular com o talher quando se fala. Se mastigar com a boca fechada é preciso lembrar, é de bom tom, no entanto, que se coma devagar, mastigando bem os alimentos, até porque é feio mesmo, usar palitos que, aliás, não devem existir em qualquer recipiente sobre a mesa.

Ao levantar da mesa:  o prato não deve ser empurrado, depois de arrumados os talheres sobre ele.

Maçã - uma curiosidade sobre esta fruta:  por tradição histórica, nas mais refinadas mesas ou ambiente, a maçã é motivo de decoração, por aliar suas belas cores ao seu aroma delicioso. E por lembrar o fruto proibido que Eva, seduzida pela serpente, colher da árvore da Sabedoria. Mas nem todos sabem que é chamada, também, de fruta-pão. Assim, numa refeição de cerimônia, a maça deverá ser saboreada, pois quem o fizer demonstrará que ficou satisfeito com as iguarias que foram servidas.

sexta-feira, 13 de abril de 2012


A complicada arte de ver
Rubem Alves
Foto by Sandra Hasmann

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”. Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões – é uma alegria!

Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica.

De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões… Agora, tudo o que vejo me causa espanto.”
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com escamas de cristal’. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”.

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado.

Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”.
Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.

“Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.

Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”. Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”.

Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em “Operário em Construção”: “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa – garrafa, prato, facão – era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas – e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre.

Os olhos não gozam… Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.

Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.

Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: “A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas”.

Por isso – porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver – eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…

Rubem Alves – Educador e escritor.
Texto originalmente publicado no caderno “Sinapse”, jornal “Folha de S. Paulo”, em 26/10/2004

domingo, 1 de abril de 2012

MILLÔR FERNANDES





Chapeuzinho Vermelho
Era uma vez (admitindo-se aqui o tempo como uma realidade palpável, estranho, portanto, à fantasia da história) uma menina, linda e um pouco tola, que se chamava Chapeuzinho Vermelho. (Esses nomes que se usam em substituição do nome próprio chamam-se alcunha ou vulgo). Chapeuzinho Vermelho costumava passear no bosque, colhendo Sinantias, monstruosidade botânica que consiste na soldadura anômala de duas flores vizinhas pelos invólucros ou pelos pecíolos, Mucambés ou Muçambas, planta medicinal da família das Caparidáceas, e brincando aqui e ali com uma Jurueba, da família dos Psitacídeos, que vivem em regiões justafluviais, ou seja, à margem dos rios. Chapeuzinho Vermelho andava, pois, na Floresta, quando lhe aparece um lobo, animal selvagem carnívoro do gênero cão e... (Um parêntesis para os nossos pequenos leitores — o lobo era, presumivelmente, uma figura inexistente criada pelo cérebro superexcitado de Chapeuzinho Vermelho. Tendo que andar na floresta sozinha, - natural seria que, volta e meia, sentindo-se indefesa, tivesse alucinações semelhantes.).

Chapeuzinho Vermelho foi detida pelo lobo que lhe disse: (Outro parêntesis; os animais jamais falaram. Fica explicado aqui que isso é um recurso de fantasia do autor e que o Lobo encarna os sentimentos cruéis do Homem. Esse princípio animista é ascentralíssimo e está em todo o folclore universal.) Disse o Lobo: "Onde vais, linda menina?" Respondeu Chapeuzinho Vermelho: "Vou levar estes doces à minha avozinha que está doente. Atravessarei dunas, montes, cabos, istmos e outros acidentes geográficos e deverei chegar lá às treze e trinta e cinco, ou seja, a uma hora e trinta e cinco minutos da tarde".

Ouvindo isso o Lobo saiu correndo, estimulado por desejos reprimidos (Freud: "Psychopathology Of Everiday Life", The Modern Library Inc. N.Y.). Chegando na casa da avozinha ele engoliu-a de uma vez — o que, segundo o conceito materialista de Marx indica uma intenção crítica do autor, estando oculta aí a idéia do capitalismo devorando o proletariado — e ficou esperando, deitado na cama, fantasiado com a roupa da avó.

Passaram-se quinze minutos (diagrama explicando o funcionamento do relógio e seu processo evolutivo através da História). Chapeuzinho Vermelho chegou e não percebeu que o lobo não era sua avó, porque sofria de astigmatismo convergente, que é uma perturbação visual oriunda da curvatura da córnea. Nem percebeu que a voz não era a da avó, porque sofria de Otite, inflamação do ouvido, nem reconheceu nas suas palavras, palavras cheias de má-fé masculina, porque afinal, eis o que ela era mesmo: esquizofrênica, débil mental e paranóica pequenas doenças que dão no cérebro, parte-súpero-anterior do encéfalo. (A tentativa muito comum da mulher ignorar a transformação do Homem é profusamente estudada por Kinsey em "Sexual Behavior in the Human Female". W. B. Saunders Company, Publishers.) Mas, para salvação de Chapeuzinho Vermelho, apareceram os lenhadores, mataram cuidadosamente o Lobo, depois de verificar a localização da avó através da Roentgenfotografia. E Chapeuzinho Vermelho viveu tranqüila 57 anos, que é a média da vida humana segundo Maltus, Thomas Robert, economista inglês nascido em 1766, em Rookew, pequena propriedade de seu pai, que foi grande amigo de Rousseau.

Extraído do livro "Lições de Um Ignorante", José Álvaro Editor - Rio de Janeiro, 1967, pág. 31

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"Desculpe a meninada, mas fomos nós, da nossa geração, que conquistamos a permissividade. Claro, vocês não têm a menor idéia de como isso era antes. O que se fez, depois de nós, foi apenas atingir a promiscuidade, o ninguém é de ninguém, o não privilegiamento de nenhuma pessoa como ser humano especial (amor). Mas, quando qualquer um vai pra cama com qualquer um, sem nenhum interesse anterior ou posterior (no sentido cronológico!), uma coisa é certa : reconquistamos apenas a animalidade. Cachorro faz igualzinho. E não procura psicanalista..."

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"Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim".

"As pessoas que falam muito, mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades".

"Acreditar que não acreditamos em nada é crer na crença do descrer".

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"Que foi isso, de repente? Nada; dez anos se passaram. Não diga! Se somaram? Se perderam? Algumas relações se aprofundaram? Se esgarçaram? Onde estávamos? Onde estamos? E...aonde vamos? O tempo, em lugar nenhum e em silêncio, passa. É inegável - todos temos mais dez anos agora. Ainda bem, poderíamos ter menos dez. Tudo nos aconteceu. Amamos, disso temos certeza. E fomos amados - onde encontrar a certeza? Avançamos aqui materialmente, ali não, nos realizamos neste ponto, em outros queríamos mais, algumas coisas tivemos mais do que pretendíamos ou merecíamos - mas isso é difícil de reconhecer. Perdemos alguém - "Viver é perder amigos". No meio do feio e do amargo, no tumulto e no desgaste, tivemos mil diminutos de felicidade, no ar, no olhar, na palavra de afeto inesperado, que sei? Espera, eu sei. É a única lição que tenho a dar; a vida é pequena, breve, e perto. Muito perto - é preciso estar atento".

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"Ninguém sabe o que você ouve, mas todo mundo ouve muito bem o que você fala."

"O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde".

"Quem mata o tempo não é assassino mas sim um suicida".

"Todo homem nasce original e morre plágio".

"O ser humano ainda não tinha aprendido a amar o próximo e já inha inventado a televisão que ensina a desprezar o distante".

"A diferença fundamental entre Direita e Esquerda é que a Direita acredita cegamente em tudo que lhe ensinaram, e a Esquerda acredita cegamente em tudo que ensina."

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Poesia exploratória a você
Quem alisa meus cabelos?
Quem me tira o paletó?
Quem, à noite, antes do sono,
acarinha meu corpo cansado?
Quem cuida da minha roupa?
Quem me vê sempre nos sonhos?
Quem pensa que sou o rei desta pobre criação?
Quem nunca se aborrece de ouvir minha voz?
Quem paga meu cinema, seja de dia ou de noite?
Quem calça meus sapatos e acha meus pés tão lindos?
Eu mesmo.