por Clelia Aranda
A seriedade e a transparência marcam o trabalho da maioria dos profissionais de saúde atuantes no controle de doenças pelo SUS (Sistema Único de Saúde). As autoridades de saúde são as primeiras a emitir o alerta quando há problema que demande ações urgentes e planos de contingência. 
Isto aconteceu no ano passado com a gripe A H1N1. Do mesmo modo ocorreu com a rubéola, cujo crescimento de casos e o risco de provocar a síndrome da rubéola congênita levaram o país a realizar uma campanha de vacinação em 2008.
Esta não é, no entanto, a situação da varicela, conhecida como catapora. Nas últimas semanas foi alardeado o crescimento da transmissão de varicela no Estado de São Paulo e o desabastecimento da vacina. É preciso esclarecer alguns fatos. 
A doença não está incluída na lista de notificação compulsória no país. No estado de São Paulo, realiza-se o monitoramento de surtos visando a adoção precoce de medidas de controle, especialmente em hospitais e creches.  A catapora é considerada benigna na maioria dos casos, apresentando maiores incidências nas crianças. A mortalidade é baixa, estimada em menos de 2 casos por 100.000 doentes.
A vacina contra varicela ainda não faz parte do calendário de imunização de rotina do SUS, definido pelo Ministério da Saúde. Apenas no Estado de São Paulo o produto é utilizado para o controle de surtos em creches, através da vacinação de crianças até cinco anos. 
Monitoramento realizado pela secretaria de estado demonstra que a situação epidemiológica da varicela no estado de São Paulo não é diferente da observada ao longo desta década, e certamente similar à ocorrência em outros estados. Em 2010, até 14 de setembro, foram notificados 10.018 casos de catapora no Estado de São Paulo, número superior apenas ao registrado em 2009, mas inferior a todos os outros anos desde 2003.
O sistema de vigilância identificou 15 óbitos em 2010, sendo o maior número em 2003 quando ocorreram 60 óbitos e o menor em 2009 com 7 casos registrados. Não há evidências de maior letalidade do que a descrita mundialmente.  
A Secretaria de Estado da Saúde licitou 200 mil doses, com entrega parcelada, decorrente da não disponibilidade de entrega de todo este quantitativo de uma vez só, pelo laboratório produtor. A média de utilização do produto é de 100 mil doses ao ano.
A adoção de medidas simples como o afastamento dos doentes do contato com bebês, crianças, gestantes e pessoas imunocomprometidas, a higienização da pele e corte de unhas, evitar aglomerações, manter os ambientes ventilados, hidratação frequente e alimentação saudável favorece a prevenção de complicações.     
As vigilâncias epidemiológicas, estadual e municipais, estão atentas às ocorrências e, se houver alguma anormalidade, serão as primeiras a emitir o sinal amarelo.
Clelia Aranda, médica, é secretária-adjunta de Estado da Saúde de São Paulo