quarta-feira, 18 de julho de 2012

Crianças que assistem muita TV são mais fracas


Existem algumas associações entre televisão e saúde que muitos estudos já confirmaram, e que o próprio senso comum nos permite fazer. Por exemplo, ficar sentado o dia todo no sofá equivale quase sempre a comer mais e se exercitar menos, ou seja, leva a obesidade.
Esta, por sua vez, é fonte de inúmeros outros males na sociedade moderna, como diabetes e doenças cardiovasculares, principal causa de morte no mundo todo.
Enquanto pesquisas anteriores já haviam afirmado que crianças que assistem muita televisão são mais propensas a comer porcarias, ter problemas para dormir e se tornarem obesas, um novo estudo da Dra. Linda Pagani, da Universidade Hospital Sainte-Justine (Canadá), estabeleceu pela primeira vez uma ligação precisa entre o tempo passado na frente da tela e medidas específicas de aptidão física.
Conclusão: quanto mais as crianças assistem TV no início da vida, mais espessas ficam em volta da cintura e mais fraca fica sua força muscular.
1.314 crianças de Quebec (Canadá) participaram do estudo. Os pais relataram o número de horas que elas passavam assistindo TV toda semana.
No início do estudo, quando as crianças tinham 2,5 anos de idade, elas assistiam cerca de 8,8 horas de TV por semana, em média. Ao longo dos próximos dois anos, o tempo de TV aumentou para 14,8 horas semanais em média. Com a idade de 4,5 anos, cerca de 15% das crianças do estudo estavam assistindo mais de 18 horas de televisão por semana.
Segundo os pesquisadores, cada hora adicional de TV por semana entre a idade 2,5 e 4,5 anos foi associada com um aumento de um pouco menos de meio milímetro na cintura a cada ano escolar. Por exemplo, uma criança de 4,5 anos que assiste a 18 horas de televisão por semana terá ganhado 7,6 milímetros extras até a idade de 10 anos.
Pode parecer pouco, mas não é. O tamanho da cintura, em particular, é associado à obesidade e às medidas de gordura visceral, o tipo de gordura particularmente perigosa em termos de saúde cardiovascular e metabólica.
Outro dado alarmante foi de um indicador de aptidão física, a força nas pernas. Crianças de 8,5 anos tiveram seu desempenho medido numa atividade de salto à distância. As que assistiam mais TV quando ainda eram pré-escolares tinham mais probabilidade de terem pior desempenho. Cada hora gasta assistindo TV por semana com a idade de 2,5 anos correspondeu a cerca de um terço de perda de centímetros no salto à distância.
Esse indicador de habilidade esportiva é importante não só para quem quer ser atleta, mas para todas as crianças, pois a potência muscular é associada a diversos marcadores de saúde, como melhor aptidão cardiovascular e menor propensão a lesões.
Como as crianças e jovens ainda estão em fase de desenvolvimento muscular e esquelético, não se mover ou fazer exercícios, algo bastante comum quando eles passam muito tempo em frente à TV, pode ser um grande problema.
Se você tem pelo menos mais de 20 anos, deve se lembrar de subir em árvores, correr descalço, escalar paredes. Hoje, tudo que as crianças fazem é ficar no computador ou em frente à TV. Essa mudança está causando muitas condições de saúde.
Essa pesquisa não é a primeira a mostrar que o abandono de atividades tradicionais está deixando crianças de 10 anos fisicamente mais fracas do que as de uma década atrás. Outro estudo também descobriu que a exposição à televisão na infância é associada com atrasos na linguagem e problemas de atenção, porque crianças e seus adultos responsáveis pronunciam menos vocalizações, usam menos palavras e conversam menos na presença de televisão audível.

O limite

A Academia Americana de Pediatria recomenda que crianças com mais de 2 anos de idade não assistam mais de duas horas de televisão por dia. Crianças mais jovens do que isso? Nem devem ver TV.
Pesquisas recentes indicam que para crianças até 2 anos de idade a televisão é mais prejudicial do que o normal. As consequências das horas gastas em frente à TV nessa idade são queda no interesse pelas aulas e rendimento escolar, decréscimo na quantidade de atividades físicas no cotidiano, inclusive nos finais de semana, o que leva a dificuldades de relacionamento, alto consumo de refrigerantes e aumento da massa corporal, ambos causando males à saúde.
Segundo os especialistas, o aparelho de TV distrai a atenção total da criança de brincadeiras mais lúdicas e saudáveis.
Além disso, pode distrair os próprios pais nos momentos em que brincam com os filhos, o que evita que haja interação total entre o adulto e a criança.[CNN]

(FONTE: http://hypescience.com/criancas-que-assistem-muita-tv-sao-mais-fracas/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+feedburner%2Fxgpv+%28HypeScience%29)

terça-feira, 3 de julho de 2012

 
                                    A Tortura dos Desejos
 
Um pequeno texto que revela um ângulo de nossa vida que nem sempre queremos ver...
 
Essa é uma estória muito antiga que vem a séculos ajudando a entender como vivemos. Guarde-a com carinho:
“Um dia um anjo apareceu diante de um homem bom e correto e disse:
- Homem bom, venho em nome de Deus, avisar-lhe que, dentro de uma semana, ele mudará a água e todos vão enlouquecer.
Depois de o anjo desaparecer, esse homem bom começou a estocar toda a água que pode para não ser afetado pela loucura que iria se instalar. Realmente, depois de uma semana, todos ficaram loucos.
Passados mais alguns dias, começou a correr na cidade o boato de que um homem havia enlouquecido…
Nosso homem bom começou a se sentir cada dia mais triste, afinal todos o olhavam com estranheza, os amigos se afastaram e ele não era mais convidado para nada. Foi ficando cada vez mais difícil viver assim.
Um dia, na hora de sua prece, o homem bom agradeceu a Deus por ter enviado o anjo e disse que não aguentava mais viver triste, isolado de todos, e sendo, muitas vezes, motivos de risos e fofocas. Disse que esse sofrimento o havia feito decidir que, a partir do dia seguinte, iria tomar a água que todos bebiam.
Dias depois, um novo boato começou a correr de boca em boca: de que o louco havia se curado…”
Conto da sabedoria Sufi.
Diz-se no oriente, que um dos primeiros passos em busca de extinguir o sofrimento é “desejar não desejar”. Esse conceito é proveniente da doutrina budista e quero refletir um pouco mais sobre ele.

O ser humano é movido a desejos constantemente e isso é natural. Se não estivermos desejando algo e se não tivermos medo de não conseguir esse desejo, perdemos a motivação de viver, e, provavelmente, não teremos vontade de levantar pela manhã. A questão que coloco é que, dependendo do tipo e direcionamento dos nossos desejos, entraremos em um processo de infelicidade e frustração constante.

Existe, então, um tipo de desejo certo ou que não me coloque em angústia? Penso que somente aquele que tem a ver com uma busca evolutiva e não esteja ligado a aspectos materiais. Aprendemos, pela cultura em que estamos inseridos, que a “felicidade” será atingida quando cumprimos a aquisição de bens que, demonstrarão (para ou outros, sempre é assim), que somos competentes e de sucesso. É só observar em volta de suas relações e ver como algumas pessoas, por exemplo, se colocam em dívidas que as fazem sofrer, já que as impedem de curtir melhor a vida, para mostrar que possuem símbolos de sucesso. Isso na verdade, como é da nossa natureza, a busca da felicidade, de ser reconhecido e admirado (a).

O grande problema dessa maneira de se viver é que essa “felicidade” nunca chegará, justamente porque, como não conseguimos esse bem estar nesses objetos depois de adquiri-los, transferimos para a próxima compra essa expectativa, e assim até o fim da vida.

Seremos felizes quando tivermos o corpo perfeito, o carro do ano, a casa elegante, a piscina, a promoção, a viagem, a “pessoa certa” ao nosso lado (esse é tema para outro artigo), a roupa da grife chique, etc. Pare um pouco para pensar e use sua própria vida como exemplo e veja como esse tipo de maneira de viver nos contamina. Estamos sempre sendo estimulados pela mídia, e ela está em todos os lugares, nos bombardeando com a informação de que aquele artigo nos tornará pessoas melhores.

Não é nada fácil nos livrarmos disso, afinal todos a nossa volta são assim, e, portanto, nos cobram isso com perguntas, olhares e julgamentos. Isso se chama cultura e serve a interesses bem específicos. Assim o rebanho passa pela vida correndo atrás do que não existe, em agonia constante, privilegiando com seu trabalho e a riqueza que dele se origina, aqueles que controlam o paradigma. O que quero dizer é que o pensamento que controla a sociedade não tem nenhuma preocupação com o ser humano e seu desenvolvimento, apenas com produção de riqueza. Essa competição é alimentada desde cedo na escola, que sempre está a serviço da ideologia, afinal é dela que vem o salário ( no ensino público) e a mensalidade do cliente (aluno) na escola privada. Desde criança somos educados a desejar esses símbolos de prosperidade, sem nenhuma preocupação com formar um cidadão com senso crítico e com capacidade de usar sua liberdade e de descobrir seus talentos naturais. De lá vem o que é “certo” e “errado”. Como se as pessoas que são o modelo desse modo de viver fossem exemplos de felicidade…

O desejo que nos faz bem é aquele de atingirmos uma libertação, aprendendo a viver nesse mundo sem ser contaminado pelo pensamento doente. Quantos que buscam essa evolução ou não conseguem atingir a posse desses bens, encontram refúgio na alienação das drogas, e compulsões de toda a ordem. Muitos pensam nisso em um ou outro momento, como se fosse um sonho, mas no momento seguinte estão lá com suas atitudes fomentando a angústia e o sofrimento sem fim.

Não há nada que esteja fora de você que possa lhe trazer essa paz interior (isso é felicidade). Da sabedoria antiga aos mestres da atualidade, todos são unânimes em afirmar que precisamos encontrar dentro de nós esse ponto de quietude. Consta que Jesus tenha dito que “o reino dos céus está dentro de vós”.

Sei que isso está longe de ser fácil, ser diferente dos outros tem sempre um preço caro. Ainda mais se seu objetivo for atingido, e sua simples presença mostrar aos demais o sofrimento a que eles estão submetidos. A força do pensamento dominante estará se esforçando para trazê-lo de volta ao aconchego do grupo.

Não há nada de errado em se possuir o quer que seja, o erro é transferir para isso seu bem estar. Possua tudo, lembrando que nada possui. Não torne qualquer objeto, pessoa, ideologia ou religião o chão sobre o qual caminha. Quando é assim, estamos sempre com medo de que isso acabe de uma hora para outra, afinal como não depende de mim o medo está sempre ao meu lado.

Toda e qualquer viagem é feita com mais conforto quando a bagagem não é grande.

Mas não é fácil, e nem o homem bom de nossa história resistiu…

(desconheço a autoria, mas se alguém souber, por favor me comunique)