sexta-feira, 9 de março de 2007


OBESIDADE X MERCADO DE TRABALHO



Executivo obeso recebe salário menor


Pesquisa do Grupo Catho – A Contratação, A Demissão e A Carreira dos Executivos Brasileiros – realizada junto a 31.000 executivos identificou que 65% dos presidentes e diretores de empresas têm alguma restrição na hora de contratar pessoas obesas. Isso acontece, segundo a pesquisa, porque existe, mesmo que não declarada, uma discriminação contra os trabalhadores obesos. Segundo dados do estudo da Catho, o mercado paga mais às pessoas magras. Pelos cálculos dos pesquisadores, cada ponto a mais no IMC – Índice de Massa Corporal significa, para um gerente, que ele ganha R$ 92/mês a menos.


Sobrepeso afeta metade dos industriários


Metade dos trabalhadores da indústria brasileira está acima do peso ideal e 26,3% deles sofrem de hipertensão arterial. Os dados são do Perfil Epidemiológico de Fatores de Risco em Trabalhadores da Indústria, pesquisa divulgada pelo Serviço Social da Indústria (SESI). A pesquisa revela que, além dos 49,7% dos trabalhadores que apresentaram excesso de peso, 13,5% dos industriários são obesos. Outros 7,7% têm colesterol elevado e 2,9% são portadores de diabetes. A pesquisa foi conduzida com 4.818 industriários em cinco estados - Alagoas, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Tocantins.


No dia-a-dia


De acordo com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, 10,5 milhões de brasileiros com 20 anos ou mais são obesos, ou seja, 8,9% da população masculina e 13,1% das mulheres. Se considerada também a população que está acima do peso ideal, o número salta para 40,6% (quase 39 milhões de pessoas). Ao confrontarmos os dados com a situação nas empresas, podemos chegar a uma conclusão: não é fácil para o obeso conseguir emprego.


O obeso se depara com muitos percalços durante a vida profissional. “Podemos citar as dificuldades das pessoas obesas para conseguir cargos que exigem uma exposição maior da imagem corporal, não porque as empresas exigem ‘pessoas bonitas’, mas porque a beleza parece estar ligada à idéia de saúde e de uma boa relação das pessoas com o próprio corpo. Além disso, os obesos têm muita dificuldade em acompanhar a agilidade motora dos magros, em cargos que exigem tal habilidade. Finalmente, os profissionais obesos têm maiores índices de comorbidades com faltas ao trabalho relacionadas aos problemas de saúde e maiores índices de licenças médicas. O preconceito existe e é um fator que complica a vida do obeso e estreita seu horizonte profissional ”, afirma Ellen Simone Paiva, diretora do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional.


“Muito provavelmente, preocupadas com possíveis desdobramentos de problemas de saúde, as companhias evitam a contratação do profissional obeso”, afirma Ellen Simone Paiva, endocrinologista. Segundo a médica, o excesso de peso é um fator de risco maior nas cardiopatias, acidentes vasculares cerebrais, diabetes e outras doenças crônicas. “De acordo com a Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 80% das doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais (AVCs), diabetes tipo II e 40% dos cânceres poderiam ser evitados com uma dieta saudável, atividade física regular e abolição do tabaco. O sobrepeso e a obesidade estão associados ao aumento nos custos com assistência médica e ao aumento no índice de faltas ao trabalho. A explicação para este fato é exatamente a associação entre a obesidade e as doenças cardiovasculares e o diabetes, com todos os riscos associados, tornando esses profissionais muito mais vulneráveis às pressões pelas metas das empresas e pela competitividade normalmente nelas existentes”, diz a médica.


Possibilidade de mudança


Hoje, o ambiente de trabalho tem se apresentado como mais um dos espaços para o enfrentamento da obesidade. “Muitas organizações já investem em programas de qualidade de vida que disseminam informações sobre a doença, mantém reuniões com equipes multidisciplinares em nutrição e realizam exames preventivos e de acompanhamento dos fatores de risco da obesidade”, afirma Ellen Paiva.


Para a instauração de um programa corporativo de qualidade de vida que combata e previna a obesidade é necessário conhecer o número de empregados com obesidade e sobrepeso, bem como mapear a presença de outros fatores de risco (colesterol elevado, sedentarismo, tabagismo) na organização. “É importante também que os colaboradores interessados em participar do programa sejam separados pelo grau de obesidade para se determinar a melhor abordagem a ser adotada com cada grupo e que ele seja homogêneo. Além disso, resultados muito promissores são obtidos através da atuação de psicólogos com grupos de obesos compulsivos”, informa a médica, que também é nutróloga.


“O ideal é que os programas empresariais englobem informação, sensibilização para mudança de comportamento, orientação nutricional, estímulo para a prática de atividade física e acompanhamento médico apropriado”, diz a especialista. Os colaboradores que apresentarem obesidade mórbida devem ser encaminhados para avaliação médica especializada. A abordagem da obesidade no ambiente de trabalho possibilitará às empresas ter funcionários mais produtivos, com mais ânimo e disposição para a realização de suas tarefas. “Investir no combate à obesidade e na qualidade de vida do funcionário trará também a conseqüente redução dos custos com assistência médica, diminuirá o absentismo, melhorará a produtividade e o grau de contentamento e comprometimento do colaborador, que se sentirá valorizado e incentivado. Isso será bom para o ser humano e para as empresas”, reforça a diretora do Citen.


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